Tuesday, March 20, 2012

What country is this?

Howdy!


I just bought this true masterpiece called " Que pais é este e outros poemas de 1980" , and I'm very excited to start reading it. As soon as I get some free time.


Esse mineiro é jornalista, escritor, professor universitário, um dos mais importantes poetas brasileiro, e ainda é aclamado internacionalmente. Mesmo se eu quisesse, não poderia classifica-lo em nenhuma categoria, pois não existe.
Me sinto honrada por tê-lo em nosso pátria, suas leituras me fazem viajar ao redor do Brasil, e dos meus sentimentos e sentidos, e o fato mais curioso, é de saber que ele já até inspirou Renato Russo, uma joia dessas é rara de se encontrar. 


Que Pais É este? 
By: Affonso Romana de Sant'Anna


Uma coisa é um país, 
outra um ajuntamento. 


Uma coisa é um país, 
outra um regimento. 

Uma coisa é um país, 
outra o confinamento. 

Mas já soube datas, guerras, estátuas 
usei caderno "Avante" 
— e desfilei de tênis para o ditador. 
Vinha de um "berço esplêndido" para um "futuro radioso" 
e éramos maiores em tudo 
— discursando rios e pretensão. 

Uma coisa é um país, 
outra um fingimento. 

Uma coisa é um país, 
outra um monumento. 

Uma coisa é um país, 
outra o aviltamento. 

(...) 



Há 500 anos caçamos índios e operários, 
há 500 anos queimamos árvores e hereges, 
há 500 anos estupramos livros e mulheres, 
há 500 anos sugamos negras e aluguéis. 

Há 500 anos dizemos: 
que o futuro a Deus pertence, 
que Deus nasceu na Bahia, 
que São Jorge é que é guerreiro, 
que do amanhã ninguém sabe, 
que conosco ninguém pode, 
que quem não pode sacode. 

Há 500 anos somos pretos de alma branca, 
não somos nada violentos, 
quem espera sempre alcança 
e quem não chora não mama 
ou quem tem padrinho vivo 
não morre nunca pagão. 

Há 500 anos propalamos: 
este é o país do futuro, 
antes tarde do que nunca, 
mais vale quem Deus ajuda 
e a Europa ainda se curva. 

Há 500 anos 
somos raposas verdes 
colhendo uvas com os olhos, 

semeamos promessa e vento 
com tempestades na boca, 

sonhamos a paz da Suécia 
com suíças militares, 

vendemos siris na estrada 
e papagaios em Haia, 

senzalamos casas-grandes 
e sobradamos mocambos, 

bebemos cachaça e brahma 
joaquim silvério e derrama, 

a polícia nos dispersa 
e o futebol nos conclama, 

cantamos salve-rainhas 
e salve-se quem puder, 

pois Jesus Cristo nos mata 
num carnaval de mulatas. 



Au Revoir!


(...) 



























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